Há intenso
debate em todas as regiões do mundo sobre o que constituiria uma cidade
sustentável. Há cidades mais próximas e outras muito distantes ainda dos
modelos que circulam mundo afora. Há consenso de que ainda não existe uma
cidade que possa ser considerada realmente inteiramente sustentável. Mas
imagina-se que, até 2020, várias poderão vir a ser.
Bons exemplos
que já estão sendo implementados são:
Freiburgo
No sudoeste da
Alemanha, é considerada como cidade 100% sustentável, contando com meios de
transporte de baixo impacto ambiental, residências sustentáveis, educação
ecológica desde o ensino básico e uma urbanização que possibilita toda esta
integração. Pratica uma política energética assente em 3 pilares: conservação
de energia, uso de tecnologias em ciclo combinado e uso de energias renováveis.
A cidade criou
um programa de incentivo à energia solar e impôs que as casas novas devem ter
um design de alta eficiência, o que significa usar apenas 2/3 do que é
permitido por lei.
O seu bairro
Vauban é um bairro sem carros, onde os residentes se movimentam basicamente a
pé, de bicicleta e, para deslocações mais distantes, em autocarros eléctricos.
Tem todas as casas construídas com técnicas orientadas para o baixo consumo de
energia, desde o isolamento térmico, janelas, sistema de ventilação e o aquecimento
dos apartamentos centralizado no prédio e solar, à reciclagem de dejectos
transformados em energia por um reactor de biogás, para além de um sistema
próprio de tratamento de água.
Helsínquia
Possui uma das
maiores percentagens de água potável do planeta e aquela que é considerada a
população melhor educada do mundo. Cerca de metade da população utiliza o
autocarro como transporte, sendo 15% destes movidos a gás natural (Ethisphere
2008), para além de inúmeras ciclovias por toda a cidade.
Reiquejavique
A maior cidade da Islândia, é líder em energia renovável. Tem o maior
sistema de aquecimento geotérmico do mundo, que, de acordo com a Clinton
Climate Initiative, salvou a cidade de biliões de dólares em custos de
aquecimento desde que o sistema foi implementado em 1940. Para além disso, é
líder em sistemas de cuidados em saúde e em qualidade de vida da população.
Roterdã
Uma das cidades
portuárias mais importantes do mundo, a par de Xangai, tem desenvolvido uma
iniciativa para controlar os níveis de CO2 provenientes dessa distinção. Em
2025, o seu plano de sustentabilidade prevê reduzir as emissões desse gás em
50% dos níveis de 1990. Foi pioneira em pisos de dança sustentáveis, com molas
debaixo dos mesmos que geram electricidade.
Curitiba
Tem sido planeada para o desenvolvimento sustentável desde a década de 60,
sendo actualmente um modelo de soluções de urbanismo, educação e equilíbrio com
o meio ambiente. Com o foco na inclusão e na geração de oportunidades focadas
nas necessidades reais da população, investiu em infra-estruturas como o
“Linhão de Emprego”, com dezenas de quilómetros de barracões empresariais que
inserem o pequeno empresário no mercado formal, levando programas sociais a
toda a população, de forma não paternalista, e promovendo o afluxo de
trabalhadores rurais carenciados.
Em parceria com
a comunidade pavimentaram-se ruas, implantaram-se escolas, creches, postos de
saúde e outros equipamentos públicos que suportam a sua rede social de
atendimento. Paralelamente, possui um expedito sistema de autocarros concebido
para cobrir toda a cidade e que é utilizado pela grande maioria da população.
Toda a cidade de Curitiba está organizada de modo a servir as pessoas nos seus
mais variados aspectos, conforto, cultura, desporto e lazer. Tudo isto com o
mínimo de poluição visual, organizacional e funcional e de gases que provoquem
e aumentem o efeito de estufa.
Existe um Modelo?
Já há um
conjunto mínimo de critérios que aparecem em praticamente todos os modelos: Ter
um plano climático é a condição essencial, necessária. Planos climáticos
incluem redução da pegada de carbono das cidades e adaptação a eventos
climáticos e naturais extremos. Além da adaptação, bons sistemas de prevenção e
remediação de desastres.
Parte essencial
do processo de busca da sustentabilidade é o redesenho das cidades. Elas
precisam ser repensadas. A mudança demográfica, com o amadurecimento das
populações, pessoas de mais de 70 anos de idade em pleno vigor físico e
intelectual, e a intensa urbanização das últimas décadas, requer a
reprogramação dos espaços urbanos. Nesse processo, é fundamental que as cidades
sejam reconciliadas e integradas com a geografia natural.
Um centro
confortável e revitalizado, com espaços de convivência apropriados, com
esquinas e praças recuperadas como pontos de encontro.
Flexibilidade e
adaptabilidade. É importante que as cidades abandonem os formatos fixos e sejam
pensadas de modo a que possam se reorganizar espacialmente de acordo com
necessidades determinadas por fenômenos climáticos e outros eventos físicos
como terremotos ou vulcões. Elas precisam ganhar resiliência.
Bairros menores
e autosuficientes ajudam a aumentar o bem estar e a reduzir a pegada de carbono
das cidades.Telhados verdes, como controles orgânicos de temperatura e sorvedouros
de carbono, que podem ser usados também para abastecer a vizinhança com
verduras e legumes. Condomínios como unidades autosustentáveis, integradas à
cidade, não como bunkers para isolar os ricos do resto da população.
Políticas
claras e abrangentes para coleta e tratamento de lixo e de resíduos sólidos,
saneamento completo e gestão das águas (proteção, tratamento, coleta, economia,
reuso).
Esse conjunto
básico de critérios me parece de enorme bom senso. Ele envolve investimentos
vultosos, mas são investimentos muito dinâmicos que geram muito emprego verde,
muita renda de fontes sustentáveis e bem-estar.
Adaptado de
envolverde.com.br
camarasverdes.pt