terça-feira, 14 de agosto de 2012

Projeto incentiva sustentabilidade através da reciclagem junto a detentos

A Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) investe na ressocialização de presos a partir de projetos de reinserção desenvolvidos em várias casas penais do Estado. Um deles é o de confecção de vassouras a partir da reutilização de garrafas pet. Além de estimular a prática da reciclagem e abastecer as unidades de detenção, a iniciativa ajuda na profissionalização dos egressos, garantindo que eles tenham condições de exercer novos ofícios ao deixarem o sistema. Os detentos recebem pela produção gerada nessas oficinas e tem um dia de pena reduzido a cada três trabalhados.


A rotina na oficina começa cedo, às 8h, e vai até as 16h. Segundo Milene Fonseca, diretora do Centro de Recuperação do Coqueiro, as atividades são essenciais no período de reclusão. No Centro, além da oficina de vassouras, funciona uma marcenaria e uma confecção de artesanato. “O trabalho diminui a ociosidade e a reincidência dos internos, e ainda reforça a disciplina dentro da casa penal. E através dele também se promove um resgate da própria dignidade do preso. Além disso, desonera o Estado em algumas demandas. Aqui, por exemplo, não precisamos mais comprar vassouras, e são necessárias muitas para fazer a limpeza diária das dependências do CRC”.


No Centro de Recuperação do Coqueiro, a produção de vassouras de pet fica a cargo de Carlos de Lima, 45, e José Maria de Melo, 70. Os dois chegam a fabricar, em média, de três a quatro dúzias delas por mês, todas usadas na limpeza da unidade. Além de ajudar na economia interna, as vassouras feitas a partir de garrafas plásticas têm uma durabilidade bem maior que as de piaçava - as primeiras duram até 15 dias, enquanto as últimas são utilizadas por, no máximo, três. “Quando eu cheguei aqui, há dois anos, o projeto já existia e eu acabei me interessando pelo trabalho, até porque eu precisava aprender alguma coisa para ter como sobreviver quando saísse daqui", diz Carlos, que já ensinou a técnica da reciclagem a vários outros detentos.



Para Carlos, além de um ofício, o projeto funciona como uma terapia. "Isso pra mim é muito importante, porque me ajuda a ocupar a cabeça e a me preparar para sair daqui melhor do que eu entrei. O CRC pra mim não é uma cadeia, é uma escola, pois aprendi muito aqui. Ganho minha liberdade em abril do ano que vem e já estou falando com a minha família para montar uma oficina em casa”, revela.


O trabalho na oficina de vassouras de pet é totalmente artesanal. As ferramentas foram confeccionadas pelos internos e todo o processo é feito de forma manual, desde o desfilamento das garrafas até o produto final. “Estou trabalhando há um ano aqui e todo mundo me trata muito bem, ninguém me discrimina. Aqui no CRC eu tirei meu segundo e também me tornei evangélico, o que mudou muito a minha vida. Eu sou como essas garrafas, que ganharam uma nova função. Também estou sendo reciclado aqui, ganhando uma nova oportunidade de mudança na minha vida”, falou José Maria de Melo.


As vassouras produzidas por detentos de sete unidades penais do estado foram expostas na I Feira Estadual do Artesanato Paraense e 26ª Feira do Artesanato Mundial, que aconteceu de 4 a 12 de agosto no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Além das vassouras, outros artefatos produzidos nas unidades penais do Estado fizeram parte do estande “Articulação e Cidadania”, programa do Governo do Estado vinculado à Casa Civil da Governadoria e desenvolvido em parceria com diversos órgãos. A venda dos produtos é revertida aos familiares dos internos.

Fonte: Governo do Pará

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