A Rio+20 é assim conhecida porque acontece 20 anos depois da Rio-92, outra conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve a mesma cidade-sede.
Tudo tem limite. E a natureza também tem o dela, embora o homem só tenha percebido isso após dizimar 78% das florestas do planeta (e 82% das do Brasil). Foi só aí que se começou a falar do desenvolvimento sustentável ou Economia Verde, tema da conferência da ONU, Rio+20, que começa nesta quarta-feira. A Rio+20 é assim conhecida porque acontece 20 anos depois da Rio-92, outra conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve a mesma cidade-sede.
Sob os olhares do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, chefes de Estado e ambientalistas de todo o mundo passarão dez dias discutindo problemas e procurando soluções para salvar o planeta da devastação. A expectativa é que saiam de lá com a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Um desenvolvimento que respeite os limites do planeta.
"Um cardume tem um limite anual de reprodução anual. As florestas têm uma capacidade de recuperação de dez, às vezes até 100 anos, os rios também têm limites muito sensíveis...", contabiliza o consultor internacional de meio ambiente, Milton Nogueira, para então chegar à definição de Economia Verde.
"É uma economia que funciona dentro dos limites da natureza", resume. E acrescenta que a preocupação ambiental não basta para esgotar o conceito. "Durante anos, o sistema econômico só fez aumentar o número de pobres no planeta. É preciso reverter isso". Para o especialista, a redução do número de pobres no mundo, que também é tema da conferência, compõe a definição de Economia Verde, que sintetiza como: "sustentabilidade mais erradicação da pobreza".
E as duas coisas podem se completar, como explica a pesquisadora de sustentabilidade e meio ambiente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Laura Antoniazzi. Para isso, ela passa pelo conceito de emprego verde, que é a demanda por profissionais com conhecimentos para atender uma produção mais sustentável.
"Todos os empregos ligados à energia renovável, por exemplo, são empregos verdes", diz, citando a cultura da cana-de-açúcar, para produzir etanol. "Um estímulo a essa economia, gera emprego e reduz a pobreza".
Ela também explica que não existe um conceito pronto para Economia Verde, mas a princípio, sua definição é a mesma de desenvolvimento sustentável: "É a possibilidade de ter crescimento econômico com o menor impacto possível no meio ambiente", diz.
Moda
Com o tema em alta, não é difícil encontrar empresas que se dizem sustentáveis (veja boxe). "Muitas continuam sendo poluentes, mas pelo menos a responsabilidade ambiental está sendo maior", comemora o ambientalista Renato Cunha.
Com o tema em alta, não é difícil encontrar empresas que se dizem sustentáveis (veja boxe). "Muitas continuam sendo poluentes, mas pelo menos a responsabilidade ambiental está sendo maior", comemora o ambientalista Renato Cunha.
As donas de casa também já começam se preocupar com a preservação do planeta nos pequenos atos. Dona Vera Lúcia Barreto Matos é uma delas. Ela conta que em sua casa, a água da máquina de lavar serve para lavar a área externa e que nenhuma lâmpada fica acesa em ambientes vazios. "É porque gasta a energia da hidrelétrica", explica Vera. Além disso, a dona de casa acrescenta que a televisão não fica ligada sem ninguém assistindo e todo o lixo da casa é reciclado.
Se dá trabalho? "Que trabalho? A gente acostuma". Além de todas as regras observadas por Vera, o consultor Milton Nogueira cita outra, bem menos óbvia: "Não comprar mais pares de tênis do que você realmente precisa".
O exemplo do tênis é só ilustrativo, e a regra vale para o desperdício em geral. "Cada produto surgiu de um pedacinho da natureza e temos que economizar, antes que comece a faltar. Comprar mais do que você precisa é uma ‘antieconomia verde", define o especialista.
No mesmo movimento, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) elaborou uma cartilha do consumo sustentável, que inclui atitudes como evitar o uso de automóvel, substituir as lâmpadas comuns por incandescentes e praticar a carona solidária.
A essa lista, o ambientalista Renato Cunha acrescenta ações como só adquirir produtos ecologicamente corretos e denunciar quando presenciar uma atitude antiecológica. "A gente também faz parte do meio ambiente", lembra o ecologista.
Negócios verdes
Em meio a tanto debate sobre sustentabilidade, quem for contaminado pela onda verde (e isso não tem nada a ver com partido político) poderá dar um pulo na Feira do Empreendedor para a Rio+20, do Sebrae. Isso se a pessoa estiver no Rio de Janeiro.
Em meio a tanto debate sobre sustentabilidade, quem for contaminado pela onda verde (e isso não tem nada a ver com partido político) poderá dar um pulo na Feira do Empreendedor para a Rio+20, do Sebrae. Isso se a pessoa estiver no Rio de Janeiro.
O espaço de 400 metros quadrados no Parque do Flamengo, Zona Sul, vai abrigar 20 ideias de negócios sustentáveis, onde candidatos a empresários, empreendedores já formalizados e sociedade terão acesso gratuito a informações, produtos, serviços e soluções para negócios.
Empresas de descontaminação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes, de consultoria em soluções ambientais, cosméticos orgânicos e tijolos ecológicos para edifícios sustentáveis são alguns dos modelos de negócios que estarão expostos entre os dias 15 e 23 de junho.
Os edifícios sustentáveis, aliás, já são construídos aqui na Bahia. A nova sede do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), por exemplo, terá medidores individuais de água, uso de energia solar e terraços vegetalizados.
Empresas com ações verdes
Quem não pretende viajar ao Rio de Janeiro por agora, pode se inspirar nas ações verdes que algumas empresas já praticam. A Natura, por exemplo, alia sustentabilidade e combate à pobreza mobilizando suas consultoras para recolherem as embalagens vazias de seus clientes e encaminharem, por meio das transportadoras parceiras, às cooperativas de catadores.
Quem não pretende viajar ao Rio de Janeiro por agora, pode se inspirar nas ações verdes que algumas empresas já praticam. A Natura, por exemplo, alia sustentabilidade e combate à pobreza mobilizando suas consultoras para recolherem as embalagens vazias de seus clientes e encaminharem, por meio das transportadoras parceiras, às cooperativas de catadores.
Por aqui, a Coelba também tem suas ações verdes. Por meio do programa Vale Luz, moradores de bairros populares podem trocar material reciclável por desconto na conta de energia. Já o projeto Nova Geladeira já substituiu 107 mil refrigeradores antigos por novos, mais econômicos.
Para citar outro ramo, no mês passado, a Odebrecht ganhou o Prêmio Ademi de Gestão Sustentável. É da construtora o empreendimento Hangar, complexo business construído com 80% menos de madeira. Além disso, sua localização onde antes não havia nenhum complexo de business evita que moradores da área se desloquem até a avenida Tancredo Neves, aumentando a emissão de gás carbônico no ar.
Confira a programação
A Rio+20 conta com eventos oficiais, que ocorrerão no Riocentro, e paralelos. O primeiro oficial é uma reunião do comitê preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos que serão adotados na conferência.
A Rio+20 conta com eventos oficiais, que ocorrerão no Riocentro, e paralelos. O primeiro oficial é uma reunião do comitê preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos que serão adotados na conferência.
Em seguida, (16 a 19), será aberto o diálogo com a sociedade, com reuniões temáticas preparatórias para a conferência, a fim de aprofundar e difundir o debate sobre a sustentabilidade.
De 20 a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas - o presidente dos EUA, Barack Obama, e a chanceler alemã Angela Merkel não confirmaram. Já os eventos paralelos já começam a partir de amanhã, no Forte de Copacabana.
Fonte: correio24horas
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